Geral
Projeto pioneiro no DF acolhe população indígena da Venezuela
A necessidade de emigrar em busca de melhores condições de vida levou centenas de indígenas da etnia Warao, da Venezuela, a desembarcarem em Brasília no decorrer da pandemia. Ao chegarem ao Distrito Federal, as 30 famílias – que reúnem ao todo 108 pessoas – viviam em condições precárias na antiga Rodoferroviária. Isso mudou quando foram localizadas e passaram a ser atendidas por programas sociais do Governo do Distrito Federal (GDF).
Desde janeiro deste ano o grupo é assistido no Centro para o Bem Viver Raios de Luz, no espaço de atendimento a migrantes e refugiados, localizado em São Sebastião e administrado pela Cáritas Arquidiocesana de Brasília. Além de vacinados contra covid-19 e contra a gripe, parte deles vai ser encaixada em novas turmas do programa Renova-DF , destinado à qualificação profissional nas áreas de construção civil e jardinagem. Muitos também têm desenvolvido o artesanato e recebido acompanhamento psicossocial, nutricional, de gestão e renda.
“As equipes que atuam nesta unidade planejaram o atendimento com o objetivo de valorizar a diversidade e autodeterminação cultural dessas pessoas”Mayara Noronha Rocha, secretária de Desenvolvimento Social
Esse trabalho é realizado pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) em conjunto com Cáritas Arquidiocesana de Brasília e é feito a várias mãos, tendo como parceiros a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH). O GDF também assiste a comunidade por meio da Secretaria de Saúde (SES), que na última quinta-feira (1º) realizou atendimento médico às crianças Warao.
O projeto é pioneiro e tem como objetivo acolher essas pessoas em condições de dignidade, preservar a identidade e autodeterminação cultural; ofertar higiene, segurança e educação, além do convívio comunitário e social.
“As equipes que atuam nesta unidade planejaram o atendimento com o objetivo de valorizar a diversidade e autodeterminação cultural dessas pessoas. Fizemos um trabalho de escuta qualificada desses cidadãos com o objetivo de entender suas demandas e suas peculiaridades”, explica a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha.
Atualmente, há 54 adultos acima de 18 anos acolhidos e mais 47 crianças de zero a 17 anos. Todos os que estão em idade escolar encontram-se matriculados, além de serem assistidos pelos serviços de saúde. “É uma questão humanitária. São pessoas que vêm de situações de violência e violação muito grande. Acolhemos como uma política pública e para garantir direitos mínimos”, acrescenta a subsecretária de assistência social do DF, Kariny Alves.
É nesta linha que o diretor executivo da Cáritas Arquidiocesana de Brasília e coordenador do Projeto Waraos, Paulo Henrique de Morais, aponta o trabalho. “A Cáritas atua com mobilização, Economia Popular Solidária (EPS), desenvolvimento de projetos com organizações que atuam na periferia, defesa da garantia de direitos, acompanhamento de voluntariado, reivindicação de políticas públicas, entre outros. Isso ocorre no acolhimento aos indígenas no DF para que eles tenham dignidade, a história de vida preservadas, acesso à documentação civil, possam construir projetos de vida e alcançar autonomia e fortalecer vínculos comunitários”, afirma.
“É muito importante este tipo de ação nas comunidades para a prevenção de doenças, acompanhar, orientar e fazer o diagnóstico para se evitar a hospitalização”Helen Jane Miranda Abel, médica pediatra
Atendimento médico
Na visita das equipes da Secretaria de Saúde, quinta-feira (1º), o atendimento foi prestado por uma pediatra, duas residentes em pediatria, uma enfermeira da equipe de Saúde da Família que atende a região em que os indígenas estão morando, uma residente de enfermagem em saúde da família, uma enfermeira da Atenção Primária e uma residente de gestão.
As crianças que apresentaram algum sintoma gripal foram examinadas e pesadas pelos profissionais. A médica pediatra Helen Jane Miranda Abel destaca a importância da prevenção das doenças respiratórias comuns nesta época do ano.
“É muito importante este tipo de ação nas comunidades para a prevenção de doenças, acompanhar, orientar e fazer o diagnóstico para se evitar a hospitalização. Ensinando o básico da higiene e dos cuidados para essa época seca, evitamos que as crianças adoeçam”, analisa.
“Esse trabalho integrado entre as secretarias amplia a rede de proteção social. E a Saúde tem sido uma grande parceira no atendimento dos indígenas Warao”, considera Mayara Noronha. Segundo ela, as agências da ONU fornecem mantimentos e materiais para apoiar o trabalho, como a entrega dos kits de higiene e limpeza, kits de cozinha, beliches ou redes.
*Com informações das Secretarias de Saúde e de Desenvolvimento Social
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