Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

Nacional

Estudo indica que vacinação em São Paulo deve priorizar periferia

Publicado

em


source
Zona leste é a região com mais casos de Covid-19 em SP
Rovena Rosa/Agência Brasil

Zona leste é a região com mais casos de Covid-19 em SP

Pesquisa do Instituto Pólis mostrou que a  vacinação contra a Covid-19 na cidade de São Paulo deve priorizar bairros periféricos para otimizar a imunização coletiva, já que nessas regiões estão as populações mais afetadas pela doença.

O estudo foi realizado a partir do mapeamento de hospitalizações e óbitos pela doença na capital paulista ao longo de todo o ano passado.Isso significa que vacinar grupos etários prioritários – como os idosos – em regiões específicas das cidades seria uma estratégia mais eficiente do que uma distribuição que desconsidera a geografia da pandemia.

O levantamento identificou quais áreas da cidade registraram sobremortalidade, ou seja, regiões em que o número de mortes observadas é maior que o de mortes esperadas, considerando a distribuição etária local em relação ao perfil demográfico geral do município.

“O planejamento da imunização e as ações de vigilância e controle epidemiológico não podem ignorar os efeitos desiguais da pandemia sobre a população e é fundamental que fatores como raça e a localização da mortalidade sejam entendidos como elementos chave nas ações de combate ao coronavírus”, disse Vitor Nisida, pesquisador do Instituto Pólis.

Os dados mostraram também que a população negra, que mora principalmente em áreas de vulnerabilidade social, são os que mais morrem de covid-19. Em 2020, morreram 52% mais homens negros do que brancos e 60% mais mulheres negras do que brancas em decorrência de covid-19. O levantamento utilizou o método de padronização, que possibilita que duas populações de diferentes composições etárias sejam comparadas.

A diferença foi observada principalmente entre os idosos negros, que morrem quase duas vezes mais em relação à população total nessa faixa etária. Além disso, a sobremortalidade é maior entre negros do que entre brancos em 74 dos 96 distritos administrativos da capital paulista.

Você viu?

Em estudo anterior, com base nos dados do primeiro semestre, o Pólis já havia identificado essa maior vulnerabilidade de pessoas negras à morte por covid-19. Na ocasião, o médico sanitarista e pesquisador do Pólis, Jorge Kayano afirmou que as condições de vida gerais da população negra são, em média, piores do que as da população branca – como renda, grau de instrução, tipo de trabalho e vínculo empregatício – o que contribui para que seja mais vulnerável.

Segundo as análises, a população idosa de distritos como Sapopemba, Brasilândia, Freguesia do Ó, Iguatemi e Jardim Helena deve ser priorizada na aplicação das vacinas, já que, além do maior número de mortes de idosos, essas áreas apresentam sobremortalidade de pessoas negras e têm alta concentração espacial de óbitos gerais.

A utilização de critérios territoriais para a imunização, concentrando as vacinas disponíveis em determinadas zonas, deve criar as chamadas bolhas de imunidade de forma mais rápida.

“Essas bolhas se comportariam como barreiras físicas à circulação do vírus, com potencial de reduzir a taxa de contágio nas cidades como um todo, além de imunizar alguns segmentos populacionais por inteiro, ainda que localmente”, explicou Jorge Kayano.

“Regiões mais centrais, que somam 4,33% de habitantes com 75 anos ou mais em relação ao total do município, registraram 2,81% dos óbitos entre idosos com essa mesma idade em São Paulo. Por outro lado, a porção norte do distrito de Sapopemba, por exemplo, na zona leste, onde residem apenas 0,97% da população mais idosa da capital paulista, é onde estão 1,46% das mortes totais de pessoas com 75 anos ou mais”, divulgou a entidade.

A partir do levantamento, a entidade avalia que vacinar somente por critério de faixa etária não garante a imunização da população mais atingida pela pandemia e atrasaria a proteção de toda a sociedade. Ainda segundo a análise, a territorialização da estratégia de vacinação não deve substituir o plano de imunização vigente, mas complementar os critérios por idade.

Publicidade
Clique para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Entrar

Deixe um Comentário

CIDADES

PLANTÃO POLICIAL

POLÍTICA

ECONOMIA

MAIS LIDAS DA SEMANA